Histórico

A construção do edifício da Faculdade Nacional de Arquitetura foi parcialmente finalizada em 1961, quando foi ocupada pela FNA, mas suas origens e as condições para sua existência remetem a Criação da Universidade do Brasil e da idealização de uma Cidade Universitária, criada com a missão de ser um modelo paras as demais Universidades Brasileiras, marcando sua vinculação ao governo federal e às suas políticas de centralização, no contexto do Estado Novo (1937-1945).

A concepção da construção de um campus que concentrasse todas as atividades da Universidade inicia-se em 1935, com o envolvimento do Ministro Gustavo Capanema, que esteve à frente do projeto durante sua estada no Ministério da Educação e da
saúde, de 1935 a 1945.

Em dezembro de 1944 foi criado o Escritório Técnico da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (E.T.U.B), sob a chefia do Eng. Luiz Hildebrando Horta Barbosa, responsável pelos estudos que levaram à escolha definitiva da localização da Cidade Universitária.

O terreno onde está hoje implantada a Universidade passou por um longo processo de construção de uma paisagem que se consistiu pela execução de diversos aterros que transformaram um arquipélago de nove ilhas em uma única grande ilha onde seria
assentada a Cidade Universitária e a Faculdade Nacional de Arquitetura. O Arquiteto Jorge Machado Moreira foi convidado para chefiar o Serviço de Planejamento Arquitetônico, comandando uma equipe de arquitetos que seria encarregada do projeto urbano e do projeto de arquitetura e detalhamentos dos edifícios previstos no programa elaborado pela própria universidade.

A Faculdade Nacional de Arquitetura foi o segundo edifício a ser ocupado na Ilha universitária, a sua mudança da Faculdade da Praia Vermelha para a ilha ocorreu em julho de 1961, e as atividades acadêmicas foram retomadas já em agosto o mesmo ano. Os relatos da época da mudança mostram a euforia dos estudantes em finalmente estar num edifício projetado para a Faculdade de Arquitetura.

O ano de 1962 marca a saída de Jorge Machado Moreira da chefia do E.T.U.B, devido a um grave acidente de automóvel. Até seu afastamento Jorge Moreira acompanhou a construção da Faculdade Nacional de Arquitetura até a finalização da obra.

Depois de uma década de ocupação pela Faculdade Nacional de Arquitetura, outros setores passaram a ocupar áreas do edifício. Na década de 1970 fossem transferidos para o edifício a estrutura da Reitoria, o Centro de Letras e Artes (CLA), a Escola de
Belas Artes (EBA)

Na década de 1980 veio o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) e foi criado o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROARQ). Em 1993 foi criado o
Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (PROURB).

Nesta época edifício passa a ser chamado popularmente de Reitoria e a FNA, já com nome de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), passa a ser mais um dos ocupantes do edifício projetado para abrigá-la.

Em 2016, após um grande incêndio, o edifício recebe tombamento municipal provisório pelo Decreto 42.710 de 29 de dezembro de 2016, imediatamente após o incêndio. O Tombamento reconhece a importância do edifício para a arquitetura moderna brasileira
e, a “excelência das linhas arquitetônicas”, e delimita, no seu artigo 2º, que o tombamento se refere a volumetria, as fachadas, gradis e esquadrias. Após o seu tombamento pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) o edifício passa a
ser denominado Edifício Jorge Machado Moreira (JMM), em homenagem ao Arquiteto.

A partir do reconhecimento do edifício como patrimônio, algumas ações têm sido empreendidas no caminho de se pensar a sua preservação, que ainda se apresenta como um grande desafio.

Em outubro de 2022 foi criado o Centro de Referência do Edifício Jorge Machado Moreira, que tem como missão contar a história do edifício e sua ocupação, assim como sua importância para a história da arquitetura moderna na cidade do Rio de Janeiro. O Centro pretende ser um lugar de memória, para difundir a valorização e auxiliar na preservação do edifício.

As ações em curso demostram que existe um sentimento da necessidade da preservação deste edifício e um reconhecimento de seu valor. A AMEAFAU espera poder contribuir para a este fim.

** informações retiradas da tese de doutorado Imagem e Substância na Preservação da Arquitetura
Moderna: o Edifício Jorge Machado Moreira” de autoria da Arquiteta Patricia Cavalcante Cordeiro.